MOC: Para mim e para muitos outros, és o Ramiro. Para muitos mais, uns largos milhares, és o (ORIMAR SERIP). Um começa quando o outro acaba ou complementam-se?
RP: Oi Henrique, começas logo com uma pergunta muito interessante. Mesmo. Depois de muitos anos consigo diferenciar o “Ramiro” do “Orimar Serip” e faço sempre questão disso. “Ramiro Pires” é o meu nome próprio enquanto que o “Orimar Serip” é a personagem do mágico que o “Ramiro” interpreta. “Orimar Serip” é o nome artístico que o “Ramiro” criou. É o outro lado da lua… é o meu outro “eu”… “Orimar Serip” é o outro que não pode ser simplesmente “Ramiro Pires”. No fundo, essas personagens completam-se e por vezes separam-se. Começa quando o outro termina sem nunca desfazerem o elo de ligação. Por exemplo, na rotina diária do “Ramiro”, há sempre alguma criança ou adulto que pede para fazer “um truque mágico”. Nestas situações, deixo de ser o “Ramiro Pires” e passo desde logo a ser o mágico “Orimar Serip” completando-se com o “Ramiro”. Ou seja, é uma espécie de dois em um. (risos)
MOC: É costume dizer-se que “Santos da Casa não fazem milagres”. Sentes isso?
No Atelier de Pintura |
MOC: Ramiro. Como é ser mágico?
RP: …bom, isso tens que perguntar ao “Orimar Serip”. (risos) …Estou a brincar (risos). Mas como vês, ao (Ramiro) por vezes confundem-no com o mágico. …Quanto à tua pergunta e com certeza que o “Orimar Serip” não me leva a mal por responder por ele, digo-te, que ser mágico, é, basicamente poder fazer os sonhos acontecer. Doutra forma seria impossível. Pois, na magia, o impossível torna-se possível… é o desafiar de todas as leis físicas. Fazer levitar as nossas ideias, os nossos sonhos. Ser mágico é poder fazer com os adultos voltem a ser crianças e fazer com que as crianças vivam coloridas e mágicas fantasias. No fundo, ser mágico é sonhar e fazer sonhar …
MOC: Costumamos, nas nossas tertúlias, dizer que O F.A.O.J. marcou uma ou duas gerações. Concordas?
RP: Concordo em pleno. O F.A.O.J. foi sem dúvida uma rampa de lançamento para muitos criativos. Eu faço farte dessas gerações, em que, mesmo sem condições como hoje em dia existem, se fizeram coisas muito interessantes e levámos arte em forma de sorrisos a tantas e tantas localidades. Marcou sem dúvida!
MOC: Fizeste parte, desde a primeira hora, do grupo de atores do Teatro em Movimento liderado pelo nosso saudoso amigo Leandro do Vale. Fala-nos um pouco desses tempos.
No Museu do Abade de Baçal |
MOC: Lembras-te quem emprestou a voz ao tema musical da primeira peça apresentada em Bragança, pelo Teatro em Movimento, no cine-teatro Torralta, “Canção dentro do Pão”?
No papel de Galileu Galilei |
MOC: Algum dia pensaste em fazer do ilusionismo a tua profissão?
RP: Na verdade, sempre sonhei ser ilusionista. Sempre. Desde criança que a curiosidade da magia me acompanhava quando via os “magos” (assim chamados por serem figuras mágicas intocáveis) aquando das suas atuações nos circos. Sempre quis aproximar-me desta redoma que para mim, era um mundo impossível de alcançar. Sonhava com este mundo. Também queria ser mágico. Cheguei a espreitar pelas janelinhas das roulottes dos tais “magos” enquanto eles preparavam previamente os seus truques para as suas atuações nos circos que estacionavam perto de minha casa. Com perseverança pensei e consegui fazer do ilusionismo parte integral da minha vida. Apenas nunca pensei que, como ilusionista, conseguisse ser transversal a muitas gerações. Pois já atuei para crianças que hoje já são pais e já atuei para filhos que já foram pais. Já sou um mágico avô, não reformado e sempre no ativo (risos).
MOC: Há algum truque que queiras fazer e ainda não tenhas conseguido?
RP: Sim Henrique, queria fazer desaparecer alguns parasitas desta nossa sociedade, alguns políticos que poluem o ambiente com ideias e leis estapafúrdias, alguns pseudos donos disto tudo, como se os outros indivíduos fossem seus carneiros. (risos). Só ainda não consegui porque estas raças já são imensas, infelizmente não tenho esse poder e faltam-me os pozinhos mágicos para este tipo de aparatos (risos).
MOC: Preferes ter como público crianças ou adultos?
Peça de Teatro "Canção dentro do Pão" |
MOC: Como costumam reagir às tuas atuações?
No Coliseu da cidade do Porto |
MOC: A pintura e o desenho são duas das tuas grandes paixões. Comercializas as obras que produzes?
RP: Sim, comercializo.
MOC: Já falhaste algum truque durante um espetáculo?
Peça de Teatro "Um Cavalheiro Respeitável" |
MOC: Já passaste, certamente, muitos momentos bons e alguns maus durante os teus espetáculos. Conta-nos um momento bom e que jamais esquecerás.
Peça de Teatro "Morte Dourada" |
MOC: E um momento mau.
RP: Já tive maus momentos, claro. Costuma-se dizer que “quem anda à chuva, molha-se”. Mas respondendo à tua pergunta, enuncio um momento terrível. Estava nos bastidores, enquanto um colega atuava e sucumbiu em pleno palco. Péssimo momento (…) …
MOC: És co-fundador da recentemente criada em Bragança, Associação “Em Nome do Grito”. O que pretende ser esta nova Associação? Já iniciou a atividade?
"O Sonho" Espetáculo Mágico |
MOC: É usual dizer-se que atrás de um grande Homem está sempre uma grande Mulher. No teu caso, o ditado, encaixa como uma luva.
RP: Certíssimo Henrique. Encaixa como uma luva. É o meu braço direito. Está sempre nos meus bastidores porque para haver sucesso, tem que existir uma equipa invisível aos olhos do público, mas que é tão ou mais importante que o artista principal. Está sempre nos bons e nos maus momentos.
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Meu Caro e Velho Amigo Ramiro. Muito obrigado pela entrevista com que me honraste.
Um grande abraço de profunda amizade e estima.
Henrique Martins
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Não tens que agradecer, Henrique, já muitas vezes a tua mão me foi estendida para me proporcionares espetáculos, já muitas vezes descortinei nos teus gestos e olhares essa profunda amizade e estima que é recíproca. Tu também és um caro e velho amigo, tu também tens um valor incalculável porque estás sempre PRESENTE.
«e… de tantas mãos que nos passam pelas mãos, tão poucas são as que nunca se esquecem».
As tuas nunca serão esquecidas.
Ramiro Pires
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