segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

BARCEL - Freguesias do Concelho de Mirandela

Cruzeiro de Barcel
BARCEL Está junto do Rio Tua, na sua margem direita e fica no extremo Sudeste do concelho de Mirandela, já no limite com o de Vila Flor. Inclui como anexa a povoação de Longra, um pouco mais a baixo, na estrada para Abreiro. É uma povoação aberta, constituída por uma considerável extensão, e estendida por duas elevações com um vale que as ligue numa continuidade de habitações. 
Ali viveram seres humanos já há muitos milhares de anos. E para reforçar esta ideia tem edificações dolménicas, como uma anta referida pelo Abade de Baçal no local dos Trochos, e da qual agora já não resta nada. A designação toponímia de Cabeço da Anta, mostra nos algo relacionado com a pré história. As Fortificações castrejas da zona também asseguram um primitivo povoamento pré romano. Nas Inquirições de 1258, Barcel surge como fazendo parte do Julgado de Lamas de Orelhão da "Terra de Ledra ". Foi Comenda de Freixiel e de Abreiro, e Vigararia da Ordem de Malta no termo da antiga vila e concelho de Lamas de Orelhão extinto em 1853. Nesta data é transferida para o concelho de Mirandela.
Pinho Leal diz que o Baldio de Leça apresentava ali o Vigário. O orago é S. Ciríaco. Foi Barão de Barcel, João Firmino Teixeira, por decreto de 4 de Setembro de 1879, que nascera em Barcel em 16 de Setembro de 1801 e faleceu em Abreiro em 18 de Julho de 1884. Era um antigo tenente do regimento de milícias e um abastado proprietário de Abreiro, Barcel e Navalho.
Em 1960 tinha 246 habitantes, mas em 1991 apresentava 227 residentes e no censo de 2001 eram 171, sendo 91 homens. Com o rio Tua e diversos ribeiros a passar lhe nos seus terrenos, (é o caso do Ribeiro de Orelhão, dos Trochos ou do Carvalho), Barcel mantém a prática agrícola como a actividade principal. Usam alguma mecanização, misturada com instrumentos tradicionais. Produzem azeite, vinho, cereais, mel, hortaliças e frutas diversas. Não faltam ainda um barbeiro, 1 pastor com um rebanho de ovelhas, 4 negociantes, 3 pedreiros, 1 barqueiro, 11 alunos a estudar fora e 17 na primária. Tem uma fonte, cuja lenda refere que ali iam levar os meninos quando estavam doentes, e, dentro do espaço de 8 dias, ou ficavam com saúde, ou morriam. As suas ruas estão calcetadas e a Av.ª da República liga o Largo do Cabeço, (antiga rua da Moca) ao Largo do Campo da Bola, na outra elevação para nascente, e junto da Igreja.
Há também o Largo do Meio da Rua, Largo da Capela (antigo Largo da Terrincha), e o Largo do Café. O Cruzeiro é também um local público de muita afluência de pessoas. Além disso tem diversos equipamentos colectivos e sociais importantes, além os já referidos, a Casa do Povo, Grupo Desportivo, Campo de Futebol, escola Pré primária e Primária, Tanques de lavar roupa, Jardim. A Capela de Santa Marta tem a data de 1695 e fica no meio do povo, junto de uma casa brasonada e da Rua de Sá Carneiro que dá para o rio. A Rua da Fonte e a Rua do Tronco dão mais um ar típico rural à povoação, mas de forma arranjada. A Igreja Matriz data de 1795 e tem uma inscrição na sua fronte, relacionada com a sua construção.
Foi reparada há poucos anos, por isso tem um aspecto novo, misturado com as suas
características originais. Torre sineira central com escadas interiores de acesso. Tem o altarmor em Talha dourada. No chão deitaram lhe tijoleira e nas paredes azulejos floreados. Para nascente, tem uma sacristia nova, com a data de 1995. Atrás da Igreja, virado para o rio está o cemitério. No adro, vemos uma fila de oliveiras de pequeno porte.
Longra que é uma pequena e acanhada rua com pequenos recantos iniciando ruelas, tudo
envolto num misterioso ambiente granítico campesino. É um passeio muito reconfortante e inspirador para qualquer escritor que goste da natureza e do campo transformado rudemente pelo homem, num tradicionalismo muito apurado.

In III volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses,
coordenado por Barroso da Fonte.

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