sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Das FONTES da Cidade de Bragança em 1721

Antigas armas da cidade de Bragança num poço público
Dentro desta cidade só há três fontes e todas particulares. Uma no Colégio da Companhia e duas nos mosteiros das religiosas. Mas tem grande número de poços, alguns públicos, e os mais particulares. E alguns de tão perene manancial que parte do ano correm pela boca, como é o das portas de S. Francisco, que por ser obra da Câmara tem as armas da cidade.
Mas pela circunferência desta se acham vinte e duas fontes perenes de cristalina e excelente água. E só o monte de S. Bartolomeu se mostra tão pródigo em mananciais que se poderão tirar inumeráveis fontes dele, mas são mais célebres, entre todas, a Fonte do Jorge e a do Conde. Daquela se afirma tem virtude contra o mal de pedra.
A esta deu nome o conde de Mesquitela quando, assistindo nesta cidade, governava as armas desta província, porque, fazendo uma junta de médicos, se achou era a mais delgada e, deixando esta o nome de Fonte do Bispo que de antes tinha, tomou o do Conde, parece-me que obrigada de a fazer andar para diante, porque a pôs corrente em cano, sendo primeiro um pobre charco. Mas a do Jorge lhe leva vantagem em conservar por mais tempo a sua frescura.
A Fonte da Avelaira, sendo delgada, é destemperadamente fria quando o tempo se abrasa em mais calor, razão por que se não usa muito dela, e a Fonte do Cano tem a propriedade que bebida na fonte é demasiadamente pesada e pousada 24 horas se iguala com as melhores.
Entende-se que é de alguma terra que traz consigo.
Este ano passado de 1721, que por estas partes foi geral a seca, se observou nas fontes desta cidade que foram mais copiosas do que se experimentava pelo mesmo tempo nos anos antecedentes.

Memórias de Bragança

Publicação da C.M.B.

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