terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

São 600 idosos e vivem isolados no Distrito de Bragança

Há 600 idosos a viverem longe de tudo e sem ninguém. O abandono e solidão dos idosos tornou-se numa preocupação maior do que o crime para a GNR do distrito de Bragança.
O abandono e solidão dos idosos tornou-se numa preocupação maior do que o crime para a GNR do distrito de Bragança, que acompanha 600 seniores a viverem longe de tudo e sem ninguém, revelou esta terça-feira o comandante distrital.

“Agora temos mais uma (preocupação) acrescida: os velhotes, os idosos, os que estão abandonados lá atrás do sol-posto e passamos uma boa parte do nosso tempo a tentar apoiar essas pessoas”, disse Sá Pires, à margem das comemorações do dia da Unidade do Comando Territorial de Bragança da GNR.

Os concelhos de Vinhais e Torre de Moncorvo são, segundo o comandante, os mais problemáticos no distrito de Bragança e onde não faz eco a máxima de que ninguém pode ficar para trás.

“Costuma-se dizer que ninguém fica para trás, mas há pessoas que estão a ficar para trás e longe”, alertou Sá Pires, enfatizando que do que estas pessoas realmente necessitam é da família.

O comandante concretizou que os idosos, normalmente, estão abandonados e casos há em que a família vive muito bem, está muito bem instalada nas grandes cidades e até no estrangeiro e os velhotes foram ficando e são os últimos”.

“Se não formos lá nós, não há ninguém que possa dedicar-se assim”, afirmou, indicando que a GNR, além do acompanhamento, faz também um levantamento das necessidades e contacta as entidades competentes para ajuda.

Esta força de segurança está a assumir “um papel social”, já que, segundo o comandante distrital, no caso da região de Bragança não há registos preocupantes dos crimes contra idosos como os do conto do vigário ou mesmo violência.

“É mais quase a solidão, o abandono, a perda de contactos com o resto da sociedade, é ir ficando para trás”, acrescentou.

Sá Pires exemplificou com o concelho de Vinhais, onde vivem idosos em freguesias “que não são nada acessíveis” e a GNR ou outra ajuda demora “uma hora” a chegar.

“Se um dia precisarem de uma ambulância ou uma coisa qualquer é esse espaço que é necessário percorrer e podem chegar tarde. O nosso distrito é assim”, vincou.

A GNR é a força de segurança que supervisiona a maior parte da população e a que se encontra mais dispersa no distrito de Bragança, dos maiores do país em termos de área, mas com pouco mais de 140 mil habitantes.

Nos 12 concelhos do distrito, apenas as duas maiores cidades, Bragança e Mirandela, estão sob a alçada da PSP.

Com 619 elementos espalhados por quatro destacamentos territoriais e um de trânsito, 18 postos, mais o comando-sede, o comandante distrital garantiu que, em termos de criminalidade, esta força de segurança não tem “grandes preocupações”.

Em 2014, a criminalidade geral diminuiu 7,3 por cento e não houve nenhum crime que tivesse “sobressaído”, salvo um pequeno aumento de 0,68 por cento, mais dois casos, nas denúncias de violência doméstica, de acordo com Sá Pires.

Nas comemorações do dia do comando participou Botelho Miguel, comandante operacional da GNR, que garantiu que os militares desta região vão ter, em 2015, novas viaturas, nomeadamente todo-o-terreno, no âmbito do investimento de três milhões de euros previsto a nível nacional.

FRANCISCO BARBEIRA/LUSA

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