sexta-feira, 25 de abril de 2014

Transformar as dificuldades em oportunidades

Milhares de pessoas aproveitaram o fim de semana da Páscoa para participar nas cerimónias religiosas na diocese de Bragança-Miranda, em que o seu bispo, D. José Cordeiro, apelou à “união” e ao “engenho e criatividade” pastorais para ultrapassar os tempos de “vacas magras” que se vivem atualmente.
Este foi mesmo o grande repto deixado por D. José Cordeiro na homilia da missa Crismal da última quinta-feira.
D. José Cordeiro sublinhou que “os dias difíceis que vivemos exigem que as dificuldades sejam transformadas em oportunidades com engenho e criatividade”. “Já considerámos a necessidade, as razões, as várias formas, a mudança de paradigma, a utilidade, as dificuldades, os passos a realizar, as alegrias e as esperanças”, disse o prelado, que aproveitou para destacar o papel pioneiro da diocese na criação das Unidades Pastorais. “As Unidades Pastorais são basilares para uma comunhão e participação pastoral orgânica de conjunto entre paróquias próximas, cuja colaboração, configuração e reconhecimento foi institucionalizado. Na verdade, as Unidades Pastorais procedem de várias paróquias que convergem numa pastoral unitária, guiadas por um só sacerdote ou por um sacerdote moderador com o qual cooperam outros sacerdotes que podem, in solidum ou singularmente, ser párocos das paróquias convergentes na Unidade Pastoral”, frisou o prelado.
O bispo diocesano lembrou que houve uma “mudança de paradigma”. “Já não se concebe nem se reconhece a paróquia auto-suficiente, centrada e fechada no pároco. É necessário superar a lógica do “um-todos” para abrir uma lógica mais dinâmica e eclesial na comunhão “um-alguns-todos”. Este é um tempo de fazer das necessidades, virtudes”, sublinhou D. José Cordeiro.
O prelado aproveitou, ainda, para pedir união de todos. “É claro que temos de atender às resistências da parte da comunidade e de alguns presbíteros. Algumas pessoas ainda não se convenceram que a diminuição do número de presbíteros comporta a mudança de muitas práticas e estratégias pastorais. Alguns presbíteros preferem fazer tudo em vez da serenidade pastoral, da qualidade dos ritos, da profundidade do ensino e da pregação e sobretudo do testemunho da caridade pastoral. Trata-se não de ter menos cura pastoral, mas de a ter melhor organizada, conduzida e oferecida a todos os membros do povo de Deus.
O grande desafio é o trabalho espiritual fundamental que é pedido aos presbíteros, aos diáconos, aos consagrados e aos leigos – aprender a trabalhar juntos. Esta é uma escolha que exige a conversão pastoral e missionária, isto é, a mudança de atitude desde o coração, bem como a verdadeira caridade. Temos de realizar um projecto com estas simples etapas do método pastoral: ver, julgar, agir e avaliar”, sublinhou D. José Cordeiro.
Nesta celebração, o azeite, para a Bênção dos santos óleos dos Catecúmenos e dos Enfermos e a consagração do Crisma, foi oferta da Paróquia de Nª Sª da Assunção de Izeda, da Unidade Pastoral de Santa Maria do Sabor, proveniente das oliveiras do adro da igreja paroquial de Izeda.
Mais tarde, nessa noite, durante a celebração da missa vespertina da Ceia do Senhor, dando início ao Tríduo Pascal, D. José Cordeiro aproveitou para destacar o Serviço Diocesano da pastoral da pessoa com deficiência, criado recentemente com o intuito de “não deixar ninguém de fora”.
Num gesto de inclusão, o tradicional lava-pés foi feito a pessoas com deficiência, da Misericódia, da Apadi, da Leque (Alfândega da Fé) e Carrazeda de Ansiães.
Depois, durante toda a noite de quinta-feira, vários grupos diocesanos estiveram de vigília na adoração eucarística noturna, Direta(mente) com Deus.
Na Sexta-feira Santa, milhares de fiéis deslocaram-se à catedral de Bragança para participar na Celebração da Paixão do Senhor, Adoração da Santa Cruz, em que os fiéis entregaram a sua oferta para os lugares de Jerusalém. Esta celebração antecedeu a procissão do Senhor da Misericórdia, organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Bragança. Uma procissão que atrai milhares de pessoas à região e cujo percurso uniu a Catedral à igreja da Misericórdia.
Dois batismos na Vigília Pascal
Foi com a presença de milhares de fiéis na catedral de Bragança que, no sábado, se celebrou a principal solenidade do ano litúrgico, a Vigília Pascal. É mesmo considerada “a mãe de todas as vigílias” e o coração do Ano litúrgico.
Esta é uma celebração mais longa do que habitual, em que são proclamadas mais leituras do que as três habitualmente lidas aos domingos, continuando com a liturgia batismal e a liturgia eucarística.
A vigília começou com a benção do lume novo e da luz que evoca a ressurreição de Jesus; o círio pascal foi benzido, antes de D. José Cordeiro inscrever a primeira e a última letra do alfabeto grego (alfa e ómega), e inserir cinco grãos de incenso, em memória das cinco chagas da crucifixão de Cristo.
O ‘aleluia’, suprimido no tempo da Quaresma, reaparece em vários momentos da missa como sinal de alegria pascal.
D. José Cordeiro explicou que a Vigília Pascal se articula em quatro partes: a liturgia da luz ou “lucernário”; a liturgia da Palavra; a liturgia batismal; a liturgia eucarística.
A liturgia da luz consiste na bênção do fogo, na preparação do círio e na proclamação do precónio pascal.
A liturgia da Palavra propõe sete leituras do Antigo Testamento, que recordam “as maravilhas de Deus na história da salvação” e duas do Novo Testamento: o anúncio da Ressurreição segundo os três Evangelhos sinópticos (Marcos, Mateus e Lucas), e a leitura apostólica sobre o Batismo cristão.
A liturgia batismal é “parte integrante da celebração”, segundo explicou D. José Cordeiro, pelo que mesmo quando não há qualquer Batismo, se faz a bênção da fonte batismal e a renovação das promessas.
Este sábado houve, no entanto, dois batismos. Uma jovem completou a Iniciação Cristã com os três sacramentos do Batismo, Confirmação e Eucaristia, e uma criança em idade escolar celebrou do Batismo e Eucaristia.

in:mdb.pt

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