quinta-feira, 24 de abril de 2014

O 25 de Abril aos olhos de Luís Vaz e Miranda Pereira

O antigo presidente da câmara municipal de Macedo de Cavaleiros, Luís Vaz revelou onde estava no dia 25 de Abril de 1974.
Foi com grande contentamento, que a boa nova foi recebida.
“No dia 24 para 25 de abril, eu estava de oficial na minha unidade. Na altura cumpria-se serviço militar obrigatório.
Era alferes no BC3 em Bragança. E a missão de Bragança era mandar uma companhia para Rebordelo para tentar travar uma eventual saída do regimento de Chaves, porque era a única unidade do país que não tinha ninguém do Movimento das Forças Armadas.
Por erro de escala, intencional, acabei por entrar de serviço de oficial de dia no dia 24 para 25. E acabei por ficar de oficial de dia mais um dia ou dois porque entretanto com aquela confusão até nos esquecemos que era preciso fazer rodar a escala. E só no dia 26 é que acabei por ser substituído.
E foi assim a minha passagem do 25 de abril. Vivi-a intensamente. Ouvi as duas mensagens lançadas telefonicamente. E não me posso esquecer, nessa noite, quando chegou junto de mim um dos membros do Movimento, o que era tenente na altura, e que foi depois vereador da Câmara Municipal de Bragança, aos pulos como uma criança, dizendo: “Luís, desta vez é mesmo a sério.”
E foi. E valeu a pena.”
Antes da revolução, ninguém podia mostrar o seu descontentamento perante o governo ditatorial e as manifestações dos estudantes deram muitas preocupações ao governo, que achavam que todos deviam ter os mesmos direitos ao nível do ensino, assim como liberdade de expressão.

Luís Miranda Pereira estava na faculdade em Coimbra e teve exame no mesmo dia em que tudo aconteceu.
“No dia 24 de abril eu estava em Coimbra numa casa de amigos universitários, o solar dos Simbas, e estava aí porque estava a acabar o meu curso de Direito, e tinha um exame no dia 25, de Medicina Legal.
A meio da noite, houve um amigo que nos acordou: “Há qualquer coisa em Lisboa.”.
A partir daí, ninguém mais dormiu.
E ficamos a seguir as notícias, passo a passo.
Lá fui fazer o exame no dia 25, lá tive que o fazer.
Acabou o exame. E as notícias ainda eram pouco claras.”
O povo português fez este golpe de estado porque não estava contente com o governo de Marcelo Caetano, que seguiu a política de Salazar, o Estado Novo, uma forma de governo sem liberdade que durou cerca de 48 anos.
Luís Vaz faz, em jeito de analepse, uma revelação que remonta há 20 anos a esta parte.
“Para ir daqui ao Porto demoravam-se quatro horas e meia, quando não era mais.
Hoje vai-se numa hora e meia.
Eu uma vez do Porto a Macedo tive quatro furos. Porque a estrada além de ser má, não ter tapete, era toda esburacada.
Portanto, não há sequer comparação. E como eu disse há pouco, por pior que estejamos hoje, estamos mil vezes melhor do que estávamos antigamente.
Agora, o que acontece é que a nossa juventude não conhece o passado. Esquecem-se que as aldeias não tinham água, luz, pavimentação.
Aliás, não é preciso ir muito mais longe. Quando eu assumi a presidência da Câmara de Macedo, apenas 5% da população tinha saneamento básico, apenas 20% tinha água domiciliária.
Foi há 20 e tal anos.
As suas vivências, as suas marcas, a sua opinião e a sua posição, quanto a esta data, marcante e libertadora para os portugueses.
O Movimento das Forças Armadas, composto por militares que haviam participado na Guerra Colonial e por estudantes universitários teve o apoio da população portuguesa, conseguindo a implantação do regime democrático e a instauração da nova Constituição a 25 de Abril de 1976.
Após a revolução foi criada a Junta de Salvação Nacional que nomeou António de Spínola como Presidente da República.
O antes era escrito à maneira absolutista dos ideias de António de Oliveira Salazar, em que todos os homens eram obrigados a ir à tropa (período da Guerra Colonial) e a censura, conhecida como “lápis azul”, é que escolhia o que as pessoas liam, viam e ouviam nos jornais, na rádio e na televisão.
Hoje há liberdade de escolha e de expressão.

Escrito por ONDA LIVRE

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