segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Igreja Paroquial de Castro Vicente / Igreja de São Vicente

Portugal, Bragança, Mogadouro, Castro Vicente
Arquitectura religiosa, vernácula, barroca e rococó. Igreja paroquial de planta longitudinal composta por nave de três tramos, marcada por contrafortes nas paredes laterais e por arcos diafragma no interior, com capela-mor mais estreita e sacristia adossada ao lado esquerdo, com coberturas interiores diferenciadas, de madeira, de dois panos na nave e em falsa abóbada de berço em caixotões na capela-mor, iluminada por janelas rectilíneas, rasgadas na fachada lateral direita. Fachada principal em empena truncada por sineira de dupla ventana e portal em arco apontado. 
Fachadas com remates em beiral, as laterais com portas travessas, em arco de volta perfeita. Interior com coro-alto, pia baptismal no lado do Evangelho e arco triunfal de volta perfeita, sobre pilastras, flanqueado por retábulos colaterais, dispostos em ângulo, de talha policroma rococó. Retábulo-mor em talha barroca de estilo nacional.
Número IPA Antigo: PT010408080067
Categoria
Monumento
Descrição
Planta longitudinal, composta por nave de três tramos, capela-mor mais estreita e sacristia adossada à fachada lateral esquerda, de volumes articulados com pé direito superior na capela-mor e cobertura diferenciada em telhados de duas águas, na nave, de três na capela-mor e de uma na sacristia. Fachadas em alvenaria rebocada e pintada de branco, percorridas por faixa pintada de azul claro e remates em beiral. Fachada principal voltada a O., com empena truncada por ampla sineira de dupla ventana, em arco de volta perfeita, com relõgio circular ao centro, terminada em empena e beiral e coroada por cruz latina. Na face posterior, estrutura em madeira e cobertura em telhado de duas águas, para facilitar o acesso às sineiras. 
Portal principal, em arco apontado com dupla arquivolta, suportado por impostas salientes e emoldurado por alfiz. Dois pequenos painéis azulejares ladeiam o portal principal; no lado esquerdo, painel rectangular com 12 azulejos policromos, retratando Nossa Senhora do Carmo emoldurada por motivos concheados e tendo numa cartela a inscrição "Nª Sra. do CARMO", por baixo a inscrição "ANO MARIANO / 1954"; no lado oposto, painel em losango, com quatro azulejos representando a Virgem Maria, tendo, ainda, a data de "1940" e a inscrição "A / VIRGEM MARIA / SENHORA NOSSA / FOI CONCEBIDA / SEM / PECADO ORIGINAL". Fachada lateral esquerda virada a N., com contraforte na nave, rasgada no corpo da sacristia, por porta de verga recta e três janelos rectangulares. Fachada lateral direita virada a S., com porta em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes, enquadrada por dois contrafortes, tendo dois janelões rectangulares, um na nave e outro na capela-mor, este em capialço. Fachada posterior em empena recta e com janela rectangular na sacristia, em meia-empena. 
INTERIOR de nave única, dividida em três tramos por dois arcos diafragma de volta perfeita e suportados por pilastras, com paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento em tijoleira cerâmica com corredores em lajeado de granito, e cobertura em madeira e contraplacado, simulando travejamento, de dois panos. Coro-alto sobre travejamento, suportado por duas colunas dóricas em granito, com guarda balaustrada de madeira e acesso por escada de dois lanços perpendiculares situada do lado da Epístola; no sub-coro, pia baptismal em granito constituída por pé, ligeiramente troncocónico, e bacia, surgindo, a ladear o portal, pia de água benta em granito, surgindo outras duas a ladear as portas travessas. No lado do Evangelho, retábulo lateral, em talha dourada, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, surgindo, no lado oposto, retábulo em talha dourada e lacada, dedicado às Almas do Purgatório. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras, flanqueado por retábulos colaterais, dispostos em ângulo, em talha dourada e marmoreada, dedicados a Nossa Senhora do Rosário e a Nossa Senhora das Dores. 
Capela-mor elevada por um degrau, com pavimento em tijoleira cerâmica e cobertura em falsa abóbada de berço, dividida em caixotões, com pinturas sobre madeira, assentes sobre friso e cornija, com mísulas equidistantes. Sobre supedâneo de dois degraus centrais, mesa de altar em talha, suportada por quatro colunas compósitas de fuste decorado com pâmpanos e retábulo-mor em talha dourada, de planta convexa e três eixos definidos por duas colunas torsas decoradas com pâmpanos, e 10 pilastras, duas interrompidas em mísula, decoradas com acantos e querubins, suportadas por plintos ou consolas, que se prolongam em seis arquivoltas unidas no sentido do raio, formando o ático; no centro, tribuna em arco de volta perfeita com profusa decoração e trono expositivo de três degraus; altar paralelepipédico, encimado por sacrário embutido, rodeado por acantos e "putti" e porta decorada por cruz. Do lado do Evangelho, porta de verga recta de acesso à sacristia.
Acessos
Rua da Igreja
Protecção
Inexistente
Grau
2 - imóvel ou conjunto com valor tipológico, estilístico ou histórico ou que se singulariza na massa edificada, cujos elementos estruturais e características de qualidade arquitectónica ou significado histórico deverão ser preservadas. Incluem-se neste grupo, com excepções, os objectos edificados classificados como Imóvel de Interesse Público.
Enquadramento
Rural, isolado, em planalto. A povoação situa-se numa área aplanada no limite superior da encosta N. do vale do rio Sabor. A igreja situa-se no centro de um largo, pavimentado a alcatrão, localizado no meio da povoação. Não existe qualquer área delimitada em redor da igreja, abrindo as portas directamente para o largo. O acesso à porta principal faz-se através de escadaria semi-circular com quatro degraus. Junto, situa-se a Capela da Misericórdia e Antigo Hospital (v. PT010408080071) e, no lado oposto, depósito de água.
Descrição Complementar
Os caixotões da capela-mor, num total de 24, com pinturas sobre madeira e molduras em talha dourada, representando santos do hagiográfico católico, começando do lado do Evangelho: São Marcos, São Paulo, São Lucas, São Mateus, São Pedro, São Francisco, São Tomé, Santo André, São José, São Vicente, São João Evangelista, Nossa Senhora do Carmo, São Paulo Terceiro, São Pedro de Alcântara, Santa Ana, São Lourenço, Santo Antão, São Joaquim, São Filipe, São João Baptista, São Domingos, São Bartolomeu, São Simão e Santiago; no retábulo lateral da Epístola, pintura policroma sobre tela, setecentista, representando o Julgamento das Almas do Purgatório. 
Retábulo lateral do Evangelho em talha dourada e marmoreada, de planta recta e um eixo, definido por duas pilastras com fuste decorado por entrelaçados, que se prolongam numa arquivolta, constituindo o ático; nicho em arco de volta perfeita, com o fundo pintado, a imitar adamascados, contendo mísula; altar em forma de urna, tendo o frontal decorado por cartela e profusa decoração fitomórfica, encimado por sacrário embutido. No lado oposto, retábulo em talha pintada de branco com elementos decorativos pintados a dourado, de planta recta e um eixo definido por pilastras com fustes decorados por enrolamentos e acantos com a aresta interior biselada, tendo nicho de volta perfeita com painel a representar o "Julgamento das Almas do Purgatório", e mísulas; remate em espaldar recortado, com enrolamentos e concheados e altar em forma de urna com gramática decorativa semelhante. 
Retábulo colateral do Evangelho em talha marmoreada de tom branco e com decorações pintadas a dourado, de planta convexa e um eixo, definido por duas colunas de fuste liso e capitéis coríntios, e pilastras; ao centro, nicho em arco de volta perfeita, emoldurado por cordão e fundo pintado de marmoreados, tendo, nas ilhargas, mísula sob baldaquino; remate em espaldar recortado com cornija angular no topo e decoração de acantos e concheados; altar em forma de urna com cartela no frontal. Retábulo colateral da Epístola, em talha marmoreada de tons verde e rosa e com decorações pintadas a dourado, de planta convexa e um eixo, definido por duas colunas coríntias, de fuste liso marmoreado, com o centro marcado, e por duas pilastras decoradas com volutas e auriculares, ladeadas por orelhas recortadas; nicho central de perfil contracurvado, com mísula, moldura e edículas nas ilhargas; remate em cornija contracurvada de inspiração borromínica e espaldar recortado, tendo, ao centro, coração inflamado eresplendor, decorado com elementos fitomórficos.
Utilização Inicial
Religiosa: igreja paroquial
Utilização Actual
Religiosa: igreja paroquial
Propriedade
Privada: Igreja Católica (Diocese de Bragança - Miranda)
Afectação
Sem afectação
Época Construção
Séc. 16 (conjectural) / 17 / 18 / 20
Arquitecto / Construtor / Autor
Desconhecido.
Cronologia
1305, 3 Dezembro - Castro Vicente recebeu foral de D. Dinis; séc. 16 - construção da igreja original de que resta o portal; 1510, 1 Junho - a povoação recebeu foral novo de D. Manuel; séc. 17 - provável reconstrução do imóvel; séc. 18 - colocação do retábulo-mor e pintura do tecto da capela-mor; 1706 - a igreja de São Vicente era Abadia de apresentação do Padroado Real, com 600$000 réis de rendimento e a vila, de que era donatário o Marquês de Távora, possuía 90 vizinhos (COSTA, p. 460); séc. 18, 2.ª metade - feitura dos retábulos colaterais e do dedicado às Almas; 1796 - a vila de Castro Vicente, com termo próprio e pertencendo à comarca de Torre de Moncorvo, tinha 102 fogos e 385 almas; a igreja de São Vicente era Abadia de apresentação do Padroado Real, tendo de rendimento 676.000 réis (MENDES, pp. 263-264); 1836 - extinção do concelho, passando a pertencer ao de Chacim; 1853 - com a extinção do concelho de Chacim, passou a pertencer a Alfândega da Fé; 1855 - passou a integrar o concelho de Mogadouro; séc. 20 - execução do retábulo lateral do Evangelho.
Características Particulares
Igreja paroquial de raiz quinhentista, visível no portal em arco apontado, enquadrado por alfiz, alterada nos séculos seguites, com colocação de arcos estruturais interiores suportados por contrafortes no exterior. 
A sineira tem, praticamente, a mesma largura da fachada, muito verticalizada, elevando-se acima da cobertura da nave. Capela-mor com decoração barroca não alterada, expressa no tecto com caixotões e no retábulo em estilo nacional. Referência para pintura setecentista no retábulo da Epístola e para os retábulos rococó da nave com rica gramática ornamental de concheados, enrolamentos e cornijas do tipo borromínico.
Dados Técnicos
Sistema estrutural de paredes portantes.
Materiais
Paredes em alvenaria rebocada; portal, arcos interiores, pia baptismal, pia de água benta e pavimento da nave em cantaria de granito; balaustrada do coro-alto, portas, soalho e retábulos em madeira; pavimentos em tijoleira cerâmica; cobertura em telha de aba e canudo; janelas com vidro simpels; fachada principal com painéis de azulejo.
Bibliografia
COSTA, António Carvalho da, Corografia Portuguesa, Lisboa, 1706; Castro Vicente, in Enciclopédia Portuguesa e Brasileira; MENDES, José Maria Amado, Trás-os-Montes nos finais do séc. XVIII, Coimbra, 1981.
Documentação Gráfica
IHRU: DGEMN/DSID
Documentação Fotográfica
IHRU: DGEMN/DSID
Documentação Administrativa
Intervenção Realizada
PROPRIETÁRIO: séc. 20 - colocação de pavimento interior em cerâmica; restauro dos retábulos da nave.
Observações
Autor e Data
Miguel Rodrigues 2004

in:monumentos.pt

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