segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Castelo de Mogadouro

Portugal, Bragança, Mogadouro
Arquitectura militar, medieval. Castelo fronteiriço, de planta elíptica, conservando torre de menagem rectangular ameiada com portas elevadas em arco rebaixado e frestas, um cubelo quadrangular do castelejo e um troço da caixa murária da alcáçova com porta em arco rebaixado.
Número IPA Antigo: PT010408100007
Categoria
Monumento
Descrição
Do castelejo conservam-se alguns troços de muralha, a torre de menagem, de planta rectangular, tendo adossado a SE. um pano de muro da antiga alcáçova e respectivo cunhal, vazado por uma porta em arco pleno, e outro troço de muralha que liga o que resta da alcáçova a uma pequena torre de ângulo de forma trapezoidal. A torre de menagem, erguida sobre um penhasco, possui 2 portas elevadas, a NE. e SE., ambas em arco rebaixado, a que se acede por escada de pedra de dois lanços em ângulo, com patamar; na fachada NO. abre-se uma janela rectangular, gradeada, encimada por uma fresta e na fachada SO. rasgam-se 2 frestas em dois registos; a O. da torre a boca de uma cisterna quadrangular. Na encosta SE. parte do que resta da barbacã.
Acessos
Largo da Misericórdia, com acesso por caminho de terra batida, a partir da estrada que sai da povoação.
Protecção
MN - Monumento Nacional, Decreto nº 35 443, DG, 1.ª série, n.º 1 de 02 janeiro 1946 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 29 de 04 fevereiro 1966 *1
Grau
1 – imóvel ou conjunto com valor excepcional, cujas características deverão ser integralmente preservadas. Incluem-se neste grupo, com excepções, os objectos edificados classificados como Monumento Nacional.
Enquadramento
Urbano, isolado. Implantado sobre colina com afloramentos rochosos, de onde se avista a Serra de Mogadouro, a S., tendo nas proximidades a Torre do Relógio, um palácio em ruínas, a Capela da Misericórdia, o Pelourinho e um passo da Via Sacra.
Descrição Complementar
Utilização Inicial
Militar: castelo
Utilização Actual
Marco histórico-cultural
Propriedade
Pública: estatal
Afectação
DRCNorte, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009
Época Construção
Séc. 12 / 17
Arquitecto / Construtor / Autor
Desconhecido.
Cronologia
1160 / 1165 - Construção do castelo, num local onde se desenvolvia um importante núcleo habitacional; 1186 - Mogadouro é referido nas doações feitas pelo "Braganção" Fernão Mendes aos Templários; 1197 - Mogadouro e Penas Róias, passam para as mãos do rei que por troca com Idanha; 1199 - As igrejas de Mogadouro passam para o padroado real; 1223 - Mogadouro é novamente pertença dos Templários mas as igrejas continuam no padrado real; 1272 - D. Afonso III concede foral a Mogadouro e Penas Róias; 1273 - D. Afonso III concede novamente foral; 1311 - O senhorio estava nas mãos dos Templários e instituiu-se em comenda; 1319 - Transferiu-se para a Ordem de Cristo; séc. 14 - Obras nas muralhas; 1383 - Mogadouro toma o partido de Castela na crise dinástica; 1433 - Doação a Álvaro Pires de Távora, cujo pai já fora alcaide do castelo; 1483 - D. João II visista a povoação, conforme refere a Crónica de Rui de Pina; 1507 - O Tombo da Comenda da Ordem de Cristo descreve a alcáçova como "uma casa que se diz ser já em outro tempo aposentamento do prior e ora é estrebaria de Álvaro Pires de Távora, e parte ao levante e poente com casas do dito Álvaro Pires, ao aguião (= norte) entesta no muro e ao avrego (= sul) parte com o pátio do dito castelo. É térrea e leva de longo quatro varas e meia de medir pano e outras tantas de largo"; 1509 / 1510 - Duarte D'Armas desenha o castelo representando-o com uma barbacã de planta elíptica irregular e rematada por merlões, exceptuando "uma barreira derribada a mor parte e sem ameias e assi é o muro de dentro", a que se adossa, no canto, uma pequena torre quadrangular que "é começada"; o castelejo
é poligonal irregular com duas torres salientes a N., uma pentagonal e outra quadrangular e um cubelo semi-cilíndrico junto desta, todos ameiados; no interior dispunham-se em redor da praça de armas 2 "pardieiros" e 11 "aposentos", rectangulares e trapezoidais, alguns sobradados e telhados, providos de chaminés cilíndricas (antigas construções da Ordem); a torre de menagem, rectangular, era iluminada por frestas, "toda vã e fundada sobre penedo" à qual se adossavam os "aposentamentos sobradados" da alcáçova, Paço dos Távoras, composta por 3 corpos rectangulares de alturas diferentes: o que se encostava à torre de menagem era o mais baixo, aberto por uma janela em arco pleno e 4 rectangulares, o central, mais elevado, com 2 pisos iluminados cada um por uma janela em arco pleno com balcão de madeira e rematado por merlões, e o extremo, um pouco mais baixo que o anterior, com janelas de arco pleno no 1º registo e rectangulares no 2º, com remate de merlões, tendo na fachada oposta um registo superior projectado em avançamento, com uma porta e uma janela em arco pleno, suportado por traves de madeira; sob este uma janela quadrada gradeada aberta no pano de muralha a que se ligava outro corpo rectangular, inferiormente aberto por porta em arco pleno, e duas janelas em arco pleno no registo superior, frontal e lateralmente, coberto por telhado onde se elevavam 2 chaminés; o acesso à alcáçova era feito por meio de escada de 2 lanços em ângulo recto sob a qual se abria a passagem para a praça de armas, tendo quase defronte um poço circular; extramuros: do lado E. adossava-se à barbacã um cercado de coelhos e, do mesmo lado, estendia-se a vila com o seu pelourinho de gaiola; do lado oposto as casa da periferia da povoação, uma igreja com uma torre campanário adossada, junto da barbacã, e mais afastado um cruzeiro e cinco casas com logradouro cultivado; séc. 17 - Construção da torre do relógio; séc. 18 - Nas gravuras da época surge a denominação de "Palácio, a que chamam castelo"; séc. 20, déc. 90 - A torre foi alvo de vandalismo tendo sido destruido o corrimão, a porta de entrada e o material arqueológico depositado no interior; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 1993 - o Inverno muito rigoroso provocou estragos na torre do relógio.
Características Particulares
Castelo fronteiriço que, com os pontos fortes de Algoso, Miranda do Douro, Outeiro, Penas Róias e Vimioso, constituíam forte posição defensiva do NE. português. Mantém vestígios da cisterna junto à torre de menagem na qual foram rasgadas portas em arco abatido, na zona inferior e um cubelo rectílíneo; tinha contudo vários cubelos, como revela os desenhos de Duarte de Armas, uns rectilíneos, outros circulares, mostrando diferentes épocas construtivas.
Dados Técnicos
Sistema estrutural de paredes portantes.
Materiais
Cantarias e alvenarias de granito e xisto argamassado com barro.
Bibliografia
Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; ALVES, Francisco Manuel, Memórias arqueológico-históricas do Distrito de Bragança, 11 vols., 2.ª ed., Bragança, 1981-1982; LOPO, Albino dos Santos Pereira, Apontamentos Arqueológicos, Braga, 1987; D'ARMAS, Duarte, Livro das Fortalezas, Lisboa, 1990; VARIZO, Aníbal, Mogadouro - Apontamentos Históricos, in Brigantia, n.º 1 / 2, Bragança, 1990; LOPES, Flávio [coord.], Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, Lisboa, 1993; Dicionário enciclopédico das freguesias, 3.º vol., Matosinhos, 1997, p. 126; MONTEIRO, João Gouveia, Os castelos medievais portugueses, Lisboa, 1999; VERDELHO, Pedro, Roteiro dos castelos de Trás-os-Montes, Chaves, 2000; Castelo medieval vai ser melhorado, in Jornal de Notícias, 02 Outubro 2006.
Documentação Gráfica
IHRU: DGEMN/DSID
Documentação Fotográfica
IHRU: DGEMN/DSID
Documentação Administrativa
IHRU: DGEMN/DSID
Intervenção Realizada
DGEMN: 1950 - consolidação da torre e restos das muralhas; 1951 - regularização de terrenos; 1952 - construção da parede da torre; 1956 - escavações para sondagens; 1957 - restauro e consolidação das muralhas; 1958 - elevação de parte da muralha poente; 1959 - restauro das ameias da torre de menagem e consolidação das paredes; 1961 - lajeamento da torre e porta nova; 1970 - conservação da torre; 1975 - reparação da torre; 1980 - reparação da torre e consolidação de pavimentos; 1981 - limpeza e beneficiação da muralha; 1982 - trabalhos diversos de reparação e conservação.
Observações
*1 - DOF: Castelo da Vila.
Autor e Data
Ernesto Jana 1994 / Marisa Costa 2001 / Lina Oliveira 2005

in:monumentos.pt

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